Vulcânica

“Eu só quero me divertir”, disse ela para um rosto que talvez estivesse perplexo. Uma frase que nos últimos tempos entoa (e ecoa), como hino, um mantra. Hoje, num tempo presente, que perdura. Será que é a lua em Touro? Ou quem sabe, Vênus? É um clima pessoal ou geral? Passageiro? Nem ela sabe.
Exala por toda a pele, pelos poros e todos os lugares. Irradia a energia (acumulada em 30 anos de vida?). Exala o cheiro, o gosto (do pecado?).
Ela não sabe se está visível a todos. Pode-se perceber no cabelo, na maquiagem, no jeito de vestir, de andar. Um modo diferente de se mostrar, de aparecer, de querer causar. Como se todo momento fosse o último e, em função dele, a necessidade de usufruí-lo intensamente e de deixar a sua marca. Mas será que, quem olha, percebe?
“Eu só quero me divertir!!!”, talvez não diga tudo. Nem um pouco do que borbulha por dentro, de tudo que necessita extravasar.
Os olhos brilham, quase que saltam para fora. Tudo querem ver, observar. Como uma criança, descobrindo o mundo: tudo quer pegar (e levar à boca...). Ver e ser vista. Notar e se fazer notar.
É como se o corpo todo risse à toa. Sem mais nem menos. Leve, de bem consigo, com a vida. Mas à procura, constantemente. Falta-lhe algo e, apesar de tudo, quem vê a observa completa. Esta tudo ali, a mil, saindo por todos os lados. Se antes já era ligada na tomada, imagina agora!!!
“Será que em algum momento a gente vive a plenitude?”, ela se pergunta. “E, se sim, este é o momento?”. Ela não sabe. “Toda mulher um dia se acha completa? Aos 30?”. É como se uma vida inteira quisesse e necessitasse ser vivida agora. Neste instante. Urgentemente.
Talvez seja a iminência da despedida. Talvez a idade ou uma fase. Talvez tudo ao mesmo tempo agora. O certo é que, agora, tudo borbulha, transborda. Um vulcão, prestes a eclodir.


SP/Maio/06

Comentários

Neila Baldi disse…
Esse é novo, novíssimo. E a Gisele vai entender ...
que vulcão, hein!

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