Virei a página
Virei a página. E do outro lado um folha em branco. Uma vida inteira para ser vivida. Tudo até ali havia sido preenchido. Rabiscos, rascunhos, riscados, frases completas e outras a fazer, rasuras, erros e acertos.
Parte já estava feito. Mas agora eu tinha em mãos uma folha vazia. Muitas páginas em branco. Novos traços. Podia olhar para trás, só que os outros já estavam preenchidos. Era a partir dali que recomeçava.
Olhei pra aquela página e pensei nas anteriores. Folheia-as. Senit o cheiro da tinta da caneta escrita. Brinquei com as outras folhas. Mas eu tinha virado a página e do outro lado não havia nada. Um papel em branco, apenas.
Virei a página como quem abandona um passado, que às vezes dói e dá saudade. Como quem lê um livro gostoso e quer saber o que vem mais. Como quem copia a lição de casa e precisa fazê-la na folha em branco.
Virei a página. Decidida. Ciente de que do outro lado havia um mundo desconhecido. Uma vida inteira para ser vivida.
Virei a página e dei de cara com uma folha em branco. Mas mesmo assim eu virei a página.
(Ela pensa que é literatura)
A contagem regressiva acabou. Oficialmente hoje posso dizer que não vou voltar para Brasília.
Vim para cá em busca de um sonho e só saio com ele realizado. "Lute até a morte pelos seus objetivos", me ensinou um professor de teatro, em 1995.
Além disso, FUGA, explica também eu não querer ir.
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