Sofrenildos


Era um belo dia de verão e os dois resolveram curti-lo fora. Sim, fora da cidade, em um recanto. Saíram cedo, apenas com a roupa de corpo – em cima da de banho. Encheram o tanque e se foram.


A estrada estava menos esburacada que da última vez que cada um, sozinho, esteve por ali. Conversavam, lembravam dos passados... Cantarolavam músicas. Viviam o instante do reencontro em um dia de verão a caminho de um lugar mágico.

A cidade de destino era como um ritual. Um rito de passagem de ano novo – mesmo que ele ocorra no meio do calendário. Um lugar onde as águas refrescam e lavam a alma. Escolheram em qual delas iriam se banhar. E ali ficaram a descobrir o universo e as possibilidades dele.

Então, era chegada a hora de ir embora. Passariam, antes, no centro histórico, para um lanche. Seguiram pela estrada de chão e, antes que aportassem o centro, o carro falhou. Pararam. Onde encontrar um mecânico num domingo à tarde? Procura dali, chama daqui e, enfim, uma oficina. Ninguém atendia. Liga. Tenta de novo. O tempo passa... E alguém atende e vem ao encontro deles. Faltara água. Elementar verificar antes de viajar...

“O carro vai ter de ficar”. E agora, como voltavam pra cidade? Como saíam dali? Pegaram então um táxi num carro tão velho quanto o que os trouxera – mais velho ainda... Na rodoviária se informaram dos horários dos ônibus e preços. O taxista, por outro lado, se oferecera a levá-los. Duas horas na estrada, na escuridão, nos buracos, num carro velho, que o cinto de segurança mal amarrava... Esperar pelo ônibus ou aceitar a oferta?

Pegaram então o táxi e voltaram para a cidade. O retorno era uma aventura tão grande quanto a espera à procura do mecânico. Tarde da noite cada um na sua casa, com histórias para contar sobre um belo domingo de verão...

O carro? Voltou só quase uma semana depois: o motor fundiu.

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