Igual a ti

Sabe eu também me sinto assim. Quando olho para os lados e me vejo só, um filmezinho vem à minha cabeça. E também pergunto onde errei.
Sabe eu sei como te sentes. Já vi sonhos me escaparem pelas mãos. E chorei sozinha quando tudo o que queria era um abraço forte a me consolar. E hoje a tua angustia me oprime o peito e eu fui contaminada pelas incertezas do recomeço.
Sabe eu nunca te contei (e poucas pessoas sabem – será que alguém um dia soube?). Eu mudara a vida atrás de um sonho. Abrira mão de coisas muito queridas. E, de repente, meu mundo caiu.
Sabe eu engoli em seco. Contei para algumas pessoas o que se sucedera. E fui para casa, chorar. E, naquela longa noite, recebi um caloroso abraço amigo (a quem sou grata eternamente). Mas depois, os dias se transformaram numa longa escuridão. E andavam muito devagar. Eu precisei, mais uma vez abrir mão. Desta vez, do sonho. E recomeçar, de outro jeito, de adiar os planos. Mudar a vida e deixá-la suspensa...
Sabe, se te serve de consolo, eu já me senti igual a ti. Foram meses de angústia, de perdas materiais, mas, sobretudo, emocionais. A perda da possibilidade de um sonho. O adiamento. E tudo o que queria era alguém para me abraçar e dizer que ia passar. Mas eu estava só!
Sabe eu vivi tudo sozinha. A angústia da perda e a do recomeço. E me reergui. Eu sofri tudo sozinha em silêncio. E chorei. E tive de recomeçar para buscar o sonho.
Sabe eu me senti igual a ti. E hoje também. Não no turbilhão de outrora, nem na paixão das tuas angústias. Mas também perdida diante do recomeço. E, de novo, não tem ninguém ao lado para perguntar como estou. Apenas para saber como resolvo.
Sabe, eu sei bem como te sentes. E nunca te contei, não ia te servir de consolo. Sabe, eu choro contigo toda a noite. E te abraço e te defendo, como fazíamos quando criança. Saibas que eu sei ... Sabe?
Sabe as perdas são inevitáveis e às vezes é preciso escolher o que vai doer menos. Outras, a gente não tem escolha.
Sabe nem sempre o sonho é igualzinho do jeito que a gente pensou. E aí a gente olha para o lado e se pergunta: onde errei? E se questiona sobre as escolhas.
Sabe, hoje eu me sinto igual a ti. E não sei para onde ir, nem como fazer. Só sei que é preciso seguir (e recomeçar). Sabe, eu também não sei.

Comentários

Nádia Baldi disse…
Lindo Texto, mana!
Obrigada...
"...não me diga isso, não me dê atenção e OBRIGADO POR PENSAR EM MIM..."
bjão

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