Caminhos


Foste tu quem me guiou por estas ruas. Pegavas-me pela mão e me levavas. Não tinhas o cuidado de ser didático. Apenas de me fazer ir e vir contigo.
Na tua garupa eu conheci lugares pelos quais nunca mais passei. E outros que me tornaram freqüentes. Foi nela que descobri o mundo desta cidade.
Andamos muito a pé, no entorno do nosso mundinho (gostoso). Teus pés abriam os nossos caminhos. Mas não chegamos a ir tão longe...
Às vezes guiavas o meu carro e a mim, sem o cuidado a que estávamos acostumados. Mas no fundo, esse descuido não tinha importância. Depois, eu nos conduzia.
Amamos o mesmo lugar, mas foi aqui que nos encontramos. Foi contigo que conheci cada cantinho. Meu, teu, nosso e do universo.
Abrias os meus olhos. Fazias surgir a luz na escuridão. E me guiavas, como que a um cego.
Hoje eu ando por essas ruas só. E tu és a minha referência. Eu me conduzo, mas também a outros. Para alguns, ensino o caminho das pedras. Faço e refaço meus trajetos com desenvoltura, mas nunca mais serão os mesmos. Caminhos que um dia foram nossos. Hoje, meus e de outros.

Sampa
Julho/06


(Ela pensa que é literatura)

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