Ela cheia; eu, vazia


Mais uma vez eu vejo a lua cheia. E sinto o meu coração vazio. Foi esvaziado como um balão que desamarra e solta o ar. De repente, pela vontade dos outros.
A lua que enxergo é uma bola redonda. E eu sou o futebol sem ela... Vazia. Lá dentro, o São Jorge me olha sem entender porque. Eu também não sei.
No meu caminho, que já foi nosso, a lua me acompanha. Cheia. Do que? Ela me olha como quem zomba. Cheia! E eu vazia. Apenas meus olhos, que a seguem, estão cheios. De lágrimas, que teimam em queimar meu rosto e esfriar o coração em brasa.
Sinto-me minguante, seguida pelo espelho que insiste em cutucar o dedo na ferida e mostrar o lado negro da lua. Ela está linda. Eu, desfigurada.
Eu olho para esta lua, cheia, e ela me traz lembranças de um passado que revive cada vez que ela volta. Eu admiro a lua. E tenho raiva desta. Queria que ela nunca mais se enchesse para que o meu coração não se esvaziasse.

Aeroporto
Maio/08

Comentários

Postagens mais visitadas