Olhos indecifráveis


Os olhos desviam. E a gente não sabe o que eles escondem. Não brilham. Eles desconfiam. E, por isso, tornam-sem menos belos.

Os olhos lacrimejam. Os olhos sorriem. Mas não são verdadeiros. Não estão felizes. E, por isso, tornam-se menos belos.

Os olhos têm medo. Eles olham para todos os lados. Mas não buscam. Estão perplexos? Não, apáticos.

Os olhos não querem. Abrem-se e fecham-se sem rumo. Os olhos dispersam. Olham para o infinito.

Os olhos não são de gato. Não falam. Difícil entendê-los. Os olhos tiram os óculos, mas não mostram. Eles se apagam. E, assim, tornam-se menos belos.
Os olhos estão opacos. Distantes. Sem vida. Indecisos. Fugitivos. E, por isso mesmo, sem beleza alguma.
Os olhos que outrora vibraram, agora estão quietos. Emudecidos. Indecifráveis. Os olhos são dois. De vidro.
(Ao som de: Eu não sabia que existia esse outro parto de partir - Barcelona 16 - Paula Toller)

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