Quando a porta


Um pedaço de mim se foi, quando aquela porta se fechou. Partiu-se de mim um pedacinho, quando a boca se calou. Caiu quando o telefone não tocou. Contigo se foi quando a mão não chegou, quando ela se afastou.
Um buraquinho se fez quando virastes de costas. Quando a carícia ficou no ar.
Algo se quebrou quando a porta não se abriu, quando não mais voltaste por ela. Um laço se rompeu quando não mais me procuraste. Quando o beijo ficou no ar, à espera da saliva.
Um pedacinho de mim se foi com o teu suor. Com o teu cheiro, impregnado em mim. No teu perfume, que insiste em me lembrar. Caiu de mim quando o olho não mais me viu. Rompeu quando tua pele não mais me encontrou. Abriu-se um enorme rombo.
Um pedacinho meu que se desprendeu. Um machucadinho que não quer fechar. Uma enorme feriada ficou comigo e me acompanha. Desde o momento em que aquela porta se fechou. Desde quando a boca calou, quando o som ficou parado no ar, sem resposta. Quando a carícia não se consumou.
Um rombo me acompanha desde que o nosso olhar não mais se encontrou. Desde que a vida nos separou.
Fica comigo a dor da saudade. Da falta de um pedacinho meu, que está contigo. Fico contigo esse restinho que me falta. Desde aquela porta...

Sampa
29/11/04

Comentários

Postagens mais visitadas