Lua e sol; sol e lua
A lua descansava sobre
a terra sem perceber que o sol a admirava. Seu sorriso escondia sua
fragilidade. A lua estava em fase minguante.
Naquela noite sem luar,
a lua minguante irradiava felicidade, apesar de sua fragilidade. Sem que ela
soubesse, contagiava o sol.
A lua girava em torno
de si. Em rotação ela seguia, sem imaginar que em translação estava.
Por vezes, a lua se
escondia. Mas o sol, impassível, sabia que era o astro rei. O sol sabia que a
lua viria em translação.
Em constante mudança, a
lua apresentava-se nova. Ou seria renovada? E o sol lhe mostrava que era
preciso mais. Sacudia-lhe. Queimava-lhe. E a lua não sabia para onde ir, que
movimento fazer. A lua só sabia que já não queria descansar sobre a terra. Já
não queria girar em torno de si. Queria seguir o sol. Mas o sol, para onde vai?
O sol é uma incógnita.
Tem dias que brilha forte. Tem dias que está mais fraco. Por vezes, se esconde.
E a lua, em translação, o admira. Fica tonta. Se adapta. Corre, quer que o dia
vire noite. Ou quer que o dia e a noite se encontrem? Na sua dança invisível, o sol seduz a lua.
Ela, que tinha o poder sobre as marés, ela senhora
de si, quando viu, já era crescente. E não lhe importava mais mudar de fases...
A lua se apaixonou pelo sol. E admirava o seu amanhecer. E o seu por. Previa
(ou queria) uma eclipse.
Mas sol e lua são seres
distintos. Ela, um satélite. Ele, o astro-rei. Mas sol e lua se encontravam nos
dias e nas noites, sem se preocupar com as diferenças. Talvez fossem elas que
davam o magnetismo a eles. Sol e lua. Dia e noite. Lua e sol. A lua em
translação, querendo o tempo da rotação.
Mas o sol ficou
nublado. E a lua, minguou. Sem ficar cheia. E lembrou-se da sua fragilidade. Do
sorriso que um dia a escondeu. A lua que pensou estar sendo fortalecida pelo
sol, se apercebeu ainda frágil. A lua se apaixonou pelo sol. Mas o sol ficou
nublado. E ela se viu, de novo, minguante.
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