Holograma

Teus olhos negros, profundos, pareciam reais. Tuas mãos pequenas davam-me a sensação de segurança. Mas a verdade é que teus olhos não olham nos olhos. Tuas mãos não tocam, não sentem. Nem são sentidas.
As palavras saiam da tua boca como se tivessem propriedade. Medidas. Certeiras. Tua fala tinha um quê de verdade. E me davas as direções. Hoje falas, falas, falas e não dizes nada. Palavras vazias. Galanteios vãos... Mentes descaradamente. E negas. Confundes.
O toque delicado. O beijo tímido. Um jeito cuidadoso. O toque sem sentido. O beijo falso. Pra ti, as pessoas são objetos manipuláveis. Apenas. 



Por vezes, parecia inseguro, indeciso, como se temesse fazer mal a alguém. No fundo, és egoísta, medroso. E, sim, tu fazes mal.
Parecias proteger e precisar ser protegido. Vinhas e voltavas em círculos... Tinhas promessas de felicidade. A dois. Mas não. Comporta-te como uma criança mimada. E mal-educada. Andas em linha reta. Sabes exatamente o que quer e onde quer chegar. O teu prazer te importa, a tua satisfação. Mesmo que isso signifique a infelicidade.
Parecia que nada, nunca, se quebraria. Um amor platônico que seria correspondido. Um amor verdadeiro e infinito. Parecias tão real  e teu rosto era tão lindo... Perfeito. Agora, olho-te e não te reconheço. Espedaçaste a mim, a ti, a nós. Um amor correspondido sem o ser. Amas a ti mesmo. És real? Um dia o foste? Teu reflexo no espelho é teu rosto desfigurado. És um holograma. E o pra sempre, sim, sempre acaba. 

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