Um dia na tua vida - Parte III

Parte I
Parte II

Encontro-te, então, depois, no carro, ainda suado. Voltamos pela orla, mas já anoiteceu e perdeu a graça. Prometes-me, de recompensa, um jantar regado a vinho.
Chegamos de volta à casa. Eu me jogo no sofá. Tu vais para o banho. Fico ali a cantarolar canções: toca de tudo até aquela música brega. Como podes gostar dela? Fazes um discurso para defendê-la. Eu dou risada. Vais então para a cozinha. Voltas com nossas taças. Ficamos ali, um tempo, ouvindo músicas, inclusive aquela que um dia tu tocaste para mim. E vais me embebedando. Falamos bobagens e damos muitas risadas. É tão bom quando tu te permites tirar o terno e a gravata... Já disse que ficas muito melhor sem essa couraça.
Vais lá fazer a nossa janta e eu fico jogada no sofá, bêbada. Sou fraca para bebida. E tu me embebedas como um vinho. 
Levanto e te abraço por trás, enquanto cozinhas. Espio a comida. Para quem tu gostas de cozinhar? Beijo-te e sento à mesa, à espera. Pego então um copo de água. Sim, sou fraca. E apaixonada.
Não, não quero comer comportadamente. Permitas-me que sente no teu colo, que beba do teu copo, que me sente ao lado e coma acariciando-te. Permitas-me brincar enquanto jantamos. Permita-se viver na plenitude. Não é muito mais legal assim?
Voltamos para o sofá enquanto as horas passam. Inebriados. Bebo o vinho da tua boca, do teu corpo. Por algumas horas tu deixas a pressa, os medos, os fantasmas, as urgências, e te permites ser quem tu não deixas escapar, mostrar aquele que tu insistes em esconder. Amo-te.
Ficamos ali no sofá. Apenas o amor consome o nosso tempo. Até a hora de subirmos para o quarto, tomarmos banho juntos, eu acariciar a barba do fim do dia, ela roçar no meu pescoço e eu dormir abraçada a ti, sussurrando ao teu ouvido que te amo. E esquecermos que amanhã tudo será igual e eu não terei vivido nenhum um dia contigo. Amanhã eu não terei passado um dia em tua vida. 

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