O Menino


Então ele chegou e a pegou pela mão. Era um menino que ela não conhecia, nunca o havia visto e aparentava uns seis anos. Lembrava o filho de uma amiga, mas não era ele. Naquele dia, todos tinham ido para outro lugar, mas ela foi desviada pelo menino, que sorriu e alcançou a mão. Ele não disse nada, só fez o gesto, que ela aceitou.
Segurando em sua mão, ela foi caminhando por uma estrada de terra, parecia um bosque, numa paisagem quase outonal. Era um lugar que tinha árvores com copas altas, folhas no chão, ao fim do caminho, um lindo campo verde – como o do pampa. Mas ela não sabia identificar em que lugar ela estava, se no seu país ou fora dele. Dali seguiram e, de repente, a paisagem se transformou. Não havia mais folhas no chão, nem verde. O branco invadia o ambiente e caminhavam também num bosque, com neve.
Foi quando a chamaram para voltar. E ela voltou, sem saber quem era aquele menino, nem o lugar, muito menos para onde tinham ido.
O mesmo menino apareceu outra vez, quando cada um tinha de ir para a sua casa. Quando ela lá chegou, na sala, que era grande – e era a que ela morava mesmo, no seu país, naquela cidade mágica – ele estava no chão, com outras duas crianças, brincando. O menino da pele clara como neve, da boca carnuda, do cabelo preto. O menino que a levara para a neve, para o campo, para um lugar que ela não conhecia. Agora, aquele menino estava na sua sala, brincando e dando risada. E quando ela o viu ali, na sala, teve uma certeza e uma lágrima brotou de seus olhos.
Nunca mais o menino apareceu, não precisava. Desde aquele dia ela o esperava de volta, ela o procura nos olhos de homens que encontra. Desde aquele dia, muitos anos se passaram, e ele ainda não apareceu. Mas ela sabe que, aquele menino, um dia vai chegar e vai chamá-la de mãe.


Sampa
Agosto/09

Comentários

Mari Walcher disse…
Ich este texto é antigo demais... já conhecia, gostei claro, mas é antigo hehehe

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