Instantes de felicidade ... de espera


A vida toda eu esperei aquelas palavras tuas. Eu as desejava, mesmo sem acreditar que um dia as ouviria. Lembro-me do teu abraço na escuridão e da tua boca ao meu ouvido. Eu tive vontade de chorar.

Chorei por ti, por tantas vezes, e de repente tu me fazias a pessoa mais feliz do mundo naquele instante. Sem eu esperar. Eu que tanto esperei.

Tuas palavras mágicas me levaram para longe. Tu sempre foste econômico nas palavras, nos gestos. Poucas vezes eu soube o que realmente tu sentias. E tantas vezes eu desejei saber. Tantas vezes eu esperei que sentisses o mesmo que eu.

Lembro-me daquela noite em que, pela primeira vez, vi em teus olhos o quanto também te doía. Pela primeira vez eu sabia o que tu sentias. Tu não falaste nada. Eu esperava, esperava e via que não podia seguir a te esperar. Naquela noite, pela primeira vez, eu vi os teus olhos marejarem e tu fizeste um biquinho com a boca. Naquela noite eu só tinha certeza de que não sentia sozinha, de que também te doía. Durante tanto tempo eu esperei sozinha, sem saber nada.

Agora tu me presenteavas. Lembro-me que uma vez tu me contaste de um instante de felicidade teu, que me doeu. Agora era eu quem tinha o meu instante de felicidade, mas parece que ele te doía.  

Eu quis chorar. Mas não consegui. Paralisei diante do sentimento. E desejei que aquela noite não terminasse nunca. Que eu ficasse ali, abraçada a ti. Que não houvesse vida lá fora. Eu, que sempre esperei, queria que o mundo esperasse.

Só não sabia que continuaria a esperar... e esperar e esperar. E que tu me farias, de novo, chorar. A vida toda eu desejei e esperei que tu também sentisses o que sentia. E, naquele instante de felicidade, eu sabia que não era sonho, que não havia esperado em vão.

A vida toda eu esperei por ti. A vida toda eu esperei por aquelas palavras tuas. A vida toda eu esperei vivê-las.

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