Só um pedido

Querido Papai do Céu (se eu pedir assim, ganho?), 
Eu quero, eu desejo, eu preciso, eu necessito DANÇAR.
Compreendeste? Quer que eu desenhe?
Então, por favor, deixe-me. 
Aceito até anti-inflamatório na veia. Esqueço a homeopatia.
Mas ameniza, ok?
Agradecida.

Nos últimos dias, um ato tão simples tem sido tão difícil: apenas caminhar. Colocar o pé no chão alternadamente. Dói. Mas não só fisicamente. O que mais dói é a alma. 

Desde que me conheço por gente, apenas três vezes tive de parar de dançar:
1. Quando me mudei para Pelotas. Não tinha aula de balé no meu nível em um horário que eu pudesse fazer. Fiquei meses parada. Sonhava que estava toda engessada. E eis que a solução foi fazer aulas de tango. 

2. No quarto semestre da faculdade de Dança, quando tive uma pubalgia. O lugar do desejo, disse-me mais tarde Dr. Fabio Mohr. O que eu desejava que não conseguia? Sair do jornalismo econômico. Lembro que a cura demorada me afetou muito psicologicamente. Os professores cobravam que eu voltasse logo, alguns faziam acusações. E havia dias que eu caía no choro. 

3. E agora, com a tibialgia. Desde fevereiro lesionada. Ela vai, ela volta. Parecia melhorar, voltei a ensaiar. Dancei duas semanas seguidas, todos os dias, feliz. E, desde então, nunca mais. 

Hoje, depois de meses, fiquei sozinha numa sala de ensaio. Eu me abracei na barra e lembrei que Márcia Haydée dizia que ela é a oração da bailarina. E chorei.


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