A semana passada a sós


Ontem eu senti medo. Levei um baita susto e quando coloquei a mão do lado, o banco do carona estava vazio. A perna estava bamba e eu quis pegar o telefone e ligar. Pra quem?
Ontem eu brilhei e enquanto dançava no silêncio dos amantes, as lagrimas saiam do rosto, no êxtase do teatro. Mas quando olhei para a platéia, não existia ninguém.
Ontem eu tive dor, uma dor que não passava. E a noite foi ficando angustiante. A cama já não segurava o corpo, que se contorcia. Foi quando levei a mão ao lado – e estava vazio.
Ontem um sorriso se abriu de um canto a outro do rosto, quando eu vi no corpo do outro o meu. E feliz, olhei ao redor, querendo compartilhar aquele momento. Mas cadê?
Ontem eu passei mal, num corpo que não me suporta. Na maca, enquanto esperava a crise passar, um nome vinha à lembrança. E, na hora que eu rezava, um rosto se desfigurava. Na sala, só eu e nada mais.
Ontem eu olhei para o lado e vi que tu não estavas lá. Ontem eu quis me certificar e mais uma vez encarei o presente. Ontem eu estava só. E aí eu me lembrei que há muito tempo que eu me encontrava sozinha.
Sampa, julho/09

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