O mesmo mar


Não era um mar que nos uniu. Nunca houve um mar ao nosso redor. Foi o vento, vento de chuva. Foi ele que fez a gente se encontrar. Como o vento,nos levou sem direção.
E assim foi sempre, um vento, de chuva. Portanto o vento denuncia o que vai acontecer.
Mas eu não sabia. Durante muito tempo eu pensei que tu eras o amor da minha vida, meu grande amor, o homem mais importante da minha vida. E talvez o fosse. Ou tivesse sido durante muito tempo. Não sei.
Mas foste, sim, o mais importante, mesmo sem saber, mesmo sem eu saber. O mais importante para eu me encontrar. E me transformar.
Um dia eu ouvi que o mesmo mar que trouxe, levou. Tu foste isso pra mim. Aquele vento que impulsionava e que afasta.
Talvez tu não saibas. Eu acho que já te disse isso: parte do que sou hoje é culpa tua. Uma culpa gostosa... Não fosse por ti eu não tinha saído de onde eu estava. Se eu não tivesse ido embora, não teria descoberto tantas coisas extraordinárias. Se não tivesse saído, estaria até hoje lá naquele mundo, naquela vida que eu levava perto de ti.
Tu me fizeste sair dali. Tu me fizeste me afastar de ti. Longe, eu te queria por perto, mas tinha medo, muito medo desse encontro.
E como o vento, que molda de forma imprecisa, o nosso amor viveu sem se consumar. Nunca foi consumado, só o amor vivido, mais nada. Ele seguia o sabor do vento. Vento que não seguiu...
Foi o vento que soprou para outro lado. E aquele outro vento, que não era o minuano, me refrescou a alma e me acalmou o coração. Me fez ver que eu podia moldar, não precisava me levar ao sabor do vento. E de novo, tu me fizeste. Por tua causa, eu fugi e na fuga, eu me encontrei.


Sampa
Novembro/08

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