Nostalgias


Eu caminho por estas ruas como quem vaga, no vazio do meu coração. Eu não caminho, eu perambulo.


Eu caminho por estas ruas e elas não me dizem nada. São mudas. Em um silêncio que invade a minha alma.


Eu caminho por estas ruas como quem procura alguma coisa. Numa eterna insatisfação. Mas elas não respondem. Então, eu mudo de rua.

Eu caminho naquelas ruas e encontro desencontros. Eu encontro a ausência sentida.

Eu caminho naquelas ruas, mas a tua presença ainda está longe. A tua ausência se faz presente. Eu caminho naquelas ruas sem saber por onde ir. E me sinto incompleta. Porque eu ainda sinto a tua falta.

Então, eu vou para outras ruas e mais outras. Sempre na tua busca. Nas nossas buscas. Nas buscas das lembranças. Lá naquelas ruas ou nas outras ruas, eu encontro as perdições e sinto falta dessas e daquelas. Então, eu volto para esta.

Eu caminho nestas ruas como quem procura alguma coisa. Eu caminho naquelas ruas à procura. Eu caminho lá nas ruas à procura. O tempo todo eu caminho. O tempo todo, à procura.

Eu não caminho, eu vago. Eu vago com o coração vazio. Eu vago na tua ausência. Eu vago em todas as ausências. Porque sempre haverá uma falta. Sempre alguém não estará naquela rua. Ou nesta. Ou lá na rua.
As ruas são incompletas. As ruas por onde andamos. Ruas com ou sem esquinas. Ruas sempre de desencontros. Ou será que são ruas que a gente se encontra e se perde? São ruas que a gente busca e se acha. As ruas do meu coração, para onde ele me leva. São as minhas ruas, por onde eu perambulo.

Abril/08
Sampa

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