A marca dos 50


As duas ficaram cara a cara. E ela não acreditou no que viu. Não podia ser verdade. Era a segunda vez na vida que aquele número se apresentava. Da outra vez, estava ansiosa. Chamavam-a de Magali. Mas agora? O que se passava? Então, não acreditou. A balança, definitivamente, estava errada.
Passados uns dias, colocou a calça com fecho - ela prefere saias ou calças de elanca (tipo bailarina) e, portanto, de elástico na cintura. Ficou justa. "Tá bom, sempre que a gente põe uma roupa dessas, de tempo guardado, fica apertada", ela pensou.
Na volta para casa, falaram de sua bunda. Esses caras que mexem com as mulheres na rua... Magricela daquele jeito, só a chamam de gostosa quando está gordinha. Então, a luz amarela acendeu. E, nas 24 horas seguintes, veio o golpe de misericórdia. Primeiro, uma calça social, que ficou justíssima. Depois, mais uma vez o número estampado em outra balança. Não tinha como fugir. Tinha de correr para um hospital: agora ela podia doar sangue. (Se Deus quiser, por pouco tempo).


Fev/2008

Comentários

Postagens mais visitadas