O que fizemos



“O que fizeste do nosso amor?”
“Não era amor”, tu respondes.
É, talvez tu sejas incapaz de amar de novo, um dia.
“O que fizeste da gente, então?”
“Nunca existiu a gente, mas eu e tu”, dizes.
Verdade, quem sabe só eu queria ser um casal.
“O que fizeste do que sentíamos?”
“Sentíamos diferentes”.
“Então, o que fizeste do que vivemos?”
Tu ficas mudo.
“Não vivemos, foi um sonho?”, eu indago.
“Só sei do pesadelo”, respondes (esquecendo o que de bom vivemos).
“O que fizeste de mim? De ti?”, reclamo.
Um silêncio adentra as nossas vidas. Tu tens raiva de mim porque resumes tudo à pressão.
“O que fizeste de mim na tua vida? E de ti na minha? Hein?”, insisto.
Não te quero na minha vida porque não me quiseste na tua, tu pensas.
Eu te olho como quem busca uma explicação para o silêncio do outro lado.
“O que fizeste?”, eu choro.
Apenas minhas lágrimas preenchem o ambiente.
(Ela pensa que é literatura)
Porto Alegre
Dez/07

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