Acostumar-se


Eu me acostumei com a tua voz ao meu ouvido. Acostumei-me a te ouvir em determinados dias. Acostumei-me com os teus conselhos. 
Acostumei-me com as ligações nas horas incertas. E também aquelas certas. Acostumei-me aos encontros fortuitos. Aos desencontros.
Eu me acostumei a te ver, a te querer. Eu me acostumei a te amar. E durante tanto tempo...
Sim, eu estava acostumada com o teu abraço, a me sentir segura nos teus braços. A ter de ti sempre as palavras certas, mesmo quando eu quisesse ouvir as erradas...
Eu me acostumei ao teu sotaque indefectível. Aos teus olhares. Ao teu jeito apaixonado de falar sobre política. Eu simplesmente me acostumei.
Acostumei-me a saber que quando eu precisasse, tu estavas lá. E a te dizer que quando precisasses, eu estava aqui: velando o teu sono de longe, te acariciando, te aconselhando, te acalmando.
Acostumei-me a saber que tu existias. E isso era tudo.
Agora, tenho que me acostumar ao silêncio.

(Em junho/2014)

Comentários

Postagens mais visitadas