Meu primeiro voto
Há 22 anos eu fiz meu título
eleitoral. Eu ainda não era obrigada a votar, mas queria eleger aquele cara. Pra
mim, ele foi o melhor prefeito que Porto Alegre teve (tanto que elegeu seu
sucessor no primeiro turno). E, um dia, sonhei em vê-lo presidente do meu país.
Ainda lembro a felicidade de colocar
o voto na urna. Sim, era urna. Era minha primeira (de muitas) campanha
eleitoral. Andava orgulhosa com o
adesivo no peito, com o broche, com o ponto de exclamação (símbolo da campanha)
pintado no rosto. Lembro-me que, dois anos antes, já queria votar nele para
governador, mas era jovem demais...
Como se fosse hoje, lembro-me da
festa da vitória, no Largo da Epatur (que ainda se chamava assim). Dançávamos o
jingle da campanha numa versão reggae. Não sei qual das duas músicas (abaixo)
estava nesta versão. Mas me recordo que eu e minhas amigas dançávamos e
festejávamos, deixando a chuva cair. E era uma alegria imensa...
“Ôôôôô ôô Tarso! Ôôôô ôô Tarso!
Vem pra frente, vem pra frente, vem pra Frente Popular, vem lutar aqui com a
gente, com coragem de mudar. Porto Alegre está mudando, vai mudar ainda mais.
Um governo transparente, é assim que a gente faz. Ôôôô ôô Tarso! Ôôôô ôô
Tarso!”
“Tarso ôô, Tarso ôô... Porto Alegre pede bis para ser
feliz. Porto Alegre é Tarso, com toda certeza. Porto Alegre é Tarso, com toda
certeza. Com toda certeza é Tarso, Frente Popular. Com toda certeza é Tarso,
Frente Popular”.
Sim, meu primeiro voto foi para o
Tarso Genro. E o último também. Pelo menos o último rio-grandense... Sim, sou
Tarsete há 24 anos, desde o tempo em que não podia votar e ele concorreu ao
governo do estado.
E sinto uma saudade enorme
daquele tempo. Da época da “Utopia Possível”. Não necessariamente da minha
juventude. Mas, um pouco, das “farras” das campanhas: um trabalho duro, de
formiguinha, nos confins da cidade ou do estado, de dar a cara a tapa, de
panfletar em qualquer lugar e horário, de se divertir e conhecer gente nova. De
ter orgulho de estar lutando por uma cidade, estado ou país melhor... Mas,
sobretudo, sinto uma saudade imensa do tempo em que a política era feita com
paixão (e não com pragmatismo), da época em que Porto Alegre era uma cidade
vibrante, aguerrida e forte (como no hino gaúcho), que estava à frente de seu
tempo e que, sim, tinha coragem de mudar.
Hoje, eu me pergunto: onde foi
que erramos? Ou: por que nós nos
perdemos?
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