Eu tive um sonho
Eu fui dormir pensando em ti. Tive vontade de te ligar,
saber como estavas. Eu não sabia o porquê daquela vontade. E custei a desligar
o telefone, na dúvida entre apertar o teu nome ou não. Ou de tu captares a minha mensagem.
Eu não devia te ligar. Eu soube disso quando cheguei aqui.
Desde aquela madrugada em que eu disse tudo o que eu sentia, eu percebi que te
perturbei. Não gostaria de te fazer mal, nem de que tu me fizesses.
Naquela madrugada eu não sabia nada, além do amor que eu
sentia. Também não sabia o que viria depois. E nos dias seguintes eu percebi
que não te fazia bem. Tu não conseguias conviver com aquele amor.
Parti. E desde então nos falamos poucas vezes,
tangenciando-nos. Viramos burocratas do amor. Talvez para não sermos atingidos
por ele.
Eu me acostumei a viver sem ti e talvez fosse difícil viver
contigo. Eu me acostumei a estar longe, mesmo quando queria estar perto. Mas
não me acostumo com a chuva que insiste em cair. Nem com as descobertas que me
afastam de ti.
Eu fui dormir pensando em ti e, talvez por isso, eu tive um
sonho.
- E eu estava no teu sonho?, tu me perguntas.
- Sim, eu te respondo (Sempre esteve no meu sonho, eu penso).
- E o que acontecia?
- Tu não me davas carona.
Olhas-me com um ponto de interrogação. Se tu não tivesses me
dado carona, tudo seria diferente.
Mas o sonho vai mais além. Tu me trocas por outra. E eu sei de
onde ela saiu.
Eu te olho desnorteada. E acordo com a chuva. Lá fora e aqui
dentro, porque um dia eu tive um sonho.
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