Só pra ti (Dói, eu sei)


Dói. Eu sei que dói, mas passa. É triste olhar para o lado e não ver nada. Pra frente, e um imenso vazio. E olhar para trás e as lágrimas escorrerem pelos olhos, do mesmo modo que o sonho se esvaiu pelas mãos. Dói porque dá saudade. Mas, acima de tudo, dói porque era a realização de um sonho. Era parte de um sonho.
Dói. Eu sei que dói e imagino o que se passa. Todos aqueles que acreditam na magia da vida (e em seus ideais) um dia já viram o sonho escorrer pelos dedos, mais rápido que água. Todos já sentiram a dor da perda. E, muitas vezes, daquilo mais querido.
Dói. Eu sei que dói, mas infelizmente não posso fazer nada para aplacar a tua dor. Apenas ser solidária com ela... Apenas te dar força para superá-la. Apenas desejar, do fundo do meu coração, que ela passa e, pelo menos, sirva de momento de reflexão.
"Por quê? Por que meu Deus?", pergunta um pai diante da perda de um filho. "Por que comigo, se fazia tudo certinho? Por que agora se estava feliz?". São perguntas que nos fazemos, sempre que nos deparamos com uma dificuldade. E a resposta não vem na hora. Às vezes é só uma aprendizagem para, da próxima vez que nos vermos diante de uma situação semelhante, agirmos de modo diferente. E hoje, diante da dor, isso soa piegas, ou até mesmo provocação. Depois, bem mais tarde, a gente vê que a vida ensina. E que é só seguir acreditando que a gente consegue.
Dói, eu sei que dói, e é muito fácil falar, quando não se está com a dor no peito, corroendo. Quando não se tem, diante dos olhos, apenas o passado. Mas o que fazer além de falar, de desejar que tudo passe?
Dói, sei que dói. E sabe por que dói? Porque aquilo que demorou vir, se foi num piscar de olhos. É como se estivesser com a taça na mão, a um palmo, e de repente, ficasse vazio. Quantas vezes não vivemos isso, no mundo da fantasia do futebol? Que lutamos, torcemos juntos, vimos o nosso time ser guerreiro e perder nos pênaltis? Ou ser goleado em uma final. E nós, onde estávamos? Acreditando, sempre. Jogando junto. Depois, caímos em pranto, como uma criança que perde um pirulito que estava na boca. E nos reerguemos e pensamos: tudo bem, algo melhor está guardado. Mesmo que isso demore anos! (E seguimos torcendo sempre, mesmo que a gente não goste do treinador, mesmo que a gente ache que o jogador faz corpo mole, mesmo que... mesmo que... Por quê? Por que temos PAIXÃO. É de paixão que a vida é feita, é ela que move os nossos sonhos para que se tornem realidade. E seguimos, não?). Então dói, eu sei que dói, mas passa, com toda certeza.
Dói. Eu sei que dói. Mas seguimos acreditando sabendo que um dia aconteceria. Não foi assim para eleger um presidente, na mesma época em que perdemos (e até hoje não conseguimos) aquele que queríamos governador. Mas desistimos? Não! Quantas vezes nos vimos em vilas, em carreatas, no calçadão panfleteando. E por quê? Porque ACREDITÁVAMOS. Porque tínhamos paixão e fé. E seguimos, fazendo os passos de novo - aprendendo com os erros - cultivando, embalando os nossos sonhos para que, o que hoje é pesadelo, se transforme naquilo que desejamos. Talvez o desejo seja revisto: quem sabe branco e não amarelo? Mas com certeza, se o que nos move é a paixão e acreditamos no que sonhamos, então não tem como não ser. Mesmo que demore anos... Que a gente se veja velhinha, feliz com a conquista. E, neste dia, olhe para trás, do mesmo modo que hoje, com saudade e lágrimas nos olhos, mas com a certeza da conquista. E de que fez o melhor que podia.
Sampa

Comentários

Nádia Baldi disse…
Belo texto...E eu aos prantos do lado de cá, so consigo dizer...
Mana, Obrigada!
Bjs

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