Maior que o meu




O que queres de mim afinal? Por que insistes em voltar para a minha vida se é para não entrar?
Ficas na porta entreaberta. Um pé dentro, outro fora. E eu te queria aqui, junto de mim.
Cansei de estender a mão, acreditando que segurarias. Cansei de pensar que poderia te ajudar a um dia, de novo, amar. Mas tens medo.
Eu olho para a porta e não sei o que fazer. Queria-te do lado de cá. Mas não entras.
Cansei de insistir.
Cansei de pensar que juntos conseguiríamos.
A porta está entreaberta. Assim permanece há meses. Nem eu fecho, nem tu entras. Com medo. Eu, por medo de te perder. Tu, por medo de te envolveres. E jogas com isso, na certeza de que o meu medo é o maior que o teu.
Eu olho para a porta e vejo nos teus olhos a inconstância. Eles sempre me deram insegurança. Os meus te convidam a entrar. Os teus desviam, olham para os lados. Talvez a procura de algo melhor. Ou de uma saída.
Ficamos os dois na porta entreaberta. Eu queria-te aqui dentro. Mas não entras. Ficas parado a me olhar.
Cansei de te convidar para entrar. Cansei de te esperar. Cansei de chorar pela falta que me fazes, do lado de cá.
Eu olho para os teus olhos e mais uma vez os meus te chamam para o meu lado. Tu ficas parado. Eu sigo te olhando. Insisto pela última vez. Tu não te mexes. Não entras. No fundo, teu medo é maior que o meu. Então, eu fecho a porta.

(Ela pensa que é literatura)
Jan/08

Comentários

Anônimo disse…
Ok, então nada melhor do que um novo ano para fechar esta porta e abrir uma nova que realmente valha a pena, não acha? Bola pra frente que a fila anda!
Anônimo disse…
Um pedaço de mim se foi, quando aquela porta se fechou. Partiu-se de mim um pedacinho, quando a boca se calou. Caiu quando o telefone não tocou. Contigo se foi quando a mão não chegou, quando ela se afastou.
Um buraquinho se fez quando virastes de costas. Quando a carícia ficou no ar.
Algo se quebrou quando a porta não se abriu, quando não mais voltaste por ela. Um laço se rompeu quando não mais me procuraste. Quando o beijo ficou no ar, à espera da saliva.
Um pedacinho de mim se foi com o teu suor. Com o teu cheiro, impregnado em mim. No teu perfume, que insiste em me lembrar. Caiu de mim quando o olho não mais me viu. Rompeu quando tua pele não mais me encontrou. Abriu-se um enorme rombo.
Um pedacinho meu que se desprendeu. Um machucadinho que não quer fechar. Uma enorme feriada ficou comigo e me acompanha. Desde o momento em que aquela porta se fechou. Desde quando a boca calou, quando o som ficou parado no ar, sem resposta. Quando a carícia não se consumou.
Um rombo me acompanha desde que o nosso olhar não mais se encontrou. Desde que a vida nos separou.
Fica comigo a dor da saudade. Da falta de um pedacinho meu, que está contigo. Fico contigo esse restinho que me falta. Desde aquela porta..."
Passei e colei um texto antigo seu antigo, continuas escrevendo de forma especial e profundamente .
beijos
nazareno

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