O trampolim


Quando se conheceram fazia cinco anos que estava separado e, desde então, entrava e saia de um relacionamento como quem troca de roupa. Não ficava mais de três meses com alguém. Mas isso ele não disse para ela. Até que, passados três meses, ele lhe fez a confissão, comemorando. E foi mudando... Assim como fez com as outras, desencantou-se. Mas ao contrário das outras vezes, seguiu com ela. Até o dia em que ela disse chega. Mais de um ano depois, se reencontraram e ele disse que percebeu o que tinha acontecido. E o mecanismo que tinha desenvolvido. Hoje faz sete anos que está com a mesma pessoa. Ela seguiu sua vida.
Depois dele, encontrou outro coração machucado. Mas este foi claro desde o início: falou que havia se separado para ficar com uma pessoa e então descobriu que ele era só mais um na vida dela. Não queria se apaixonar, não queria namorar, não queria... Mas o que queria afinal? Começaram a se encontrar: uma vez por semana, depois duas. De vez em quando... Mas o seu não querer se entregar ficava visível e era sentido o tempo todo. E ela disse chega. Depois dela, se permitiu namorar. E está casado até hoje.
Outros corações machucados bateram à sua porta. Um deles, nem entrou. Ao perceber que ela tinha um jeito de ser parecido com sua ex-mulher, fugiu. Ela o havia trocado por outro.
O penúltimo não parecia machucado. Chegou dizendo que queria: namorar, casar, ter filhos. E ela pensou: não quero tudo isso... Mas seguiu em frente. Falavam-se todos os dias. Mas moravam em cidades distintas. Ela ia vê-lo. E na vez seguinte, de novo. E mais uma vez. Até que cansou. Não mais se viram. Um tempo depois ele lhe falou que na época não estava pronto para um relacionamento. Mas agora tinha encontrado alguém e queria seguir em frente. E seguiu.
O último coração machucado ela nem deixou muito que avançasse. Lembrou-se de uma amiga: “tem problema, cai fora! Não queira salvar o mundo”. E assim fez, apesar de sair com alguns arranhões...

E depois de tantos corações machucados porque passou, ficou a pensar se não seria ela um coração irreparável. 

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