Nossos plurais que nos fazem singulares
Em construção: aguarde versão 3.7. Durante alguns dias, esta era a
imagem no meu Facebook. Há algum tempo um aniversário não era tão esperado.
Mesmo não sendo um ano “redondo”. O que havia demais, então? Diz o numerólogo
que estou em um ano 8, e isso faz toda a diferença...
Meu último ano 8, entre 2003/04 também foi muito bom. Realmente,
os últimos 12 meses foram interessantes e, talvez por isso, queria muito
festejar os 37 anos. Mas, por outro lado, as festas não foram exatamente o que
eu queria e o pós-aniversário foi um tempo de repensar.
São os nossos plurais que nos fazem singulares. Li outro dia algo
assim, no blog da Nádia. Quais são os meus plurais? E que versão deles estaria
disposta para ser a minha cara nos 3.7?
A vontade era colocar o lixo no seu lugar. E mudar alguma coisa. O
que? Não sei exatamente, mas talvez a minha inabilidade com algumas coisas. Ser
mais leve e mais ousada. Sem medo de amedrontar, quem sabe?
Quem é este ser de 37 anos? E o que ele fez com os seus 37 anos?
Estas perguntas permearam minha mente depois de 4 de julho. E uma das coisas
que pesaram foi a questão relacionamento. Nunca temos certeza das escolhas. Mas
no momento em que as fazemos, achamos que estamos certos. Pensei então nos meus
30 anos e nas escolhas que fiz naquela época. Se eu soubesse que parte delas
estava errada, talvez tudo tivesse sido diferente.
Por volta dos 30 eu decidi que queria ser mãe e, por isso (mas não
só por isso), terminei um relacionamento com alguém bem mais velho que eu. Por
isso eu comecei a tentar achar as pessoas da minha idade interessantes. Mas
será que a idade de fato importaria? Hoje, tenho minhas dúvidas.
Então, meus dias pós-aniversário foram de reflexões e saudosismo.
E, por isso, resolvi que me daria de presente de aniversário o show dos 20 anos
de “El amor después del amor”. Onde eu estava em 1992 e o que fazia? Quem eu
queria ser há 20 anos e no que me transformei?
“El amor después del amor” foi feito quando Fito Paez se apaixonou
por alguém depois de ter terminado um relacionamento de anos. Existe amor
depois dele? Amamos mais de uma vez na vida? Pra mim é claro que sim e que por
circunstâncias diversas, por duas vezes vivi este sentimento, mas não o
mantive. Os dois únicos homens com quem eu gostaria de ter casado, os dois que
eu gostaria que fossem o pai do menino não foram. E o menino também não veio.
Esta semana, em um espetáculo no festival de teatro de Brasília a
pessoa perguntava se era possível amar de novo a mesma pessoa. Reamar... É algo
sobre o qual venho me perguntando desde a última vez que fui a Porto Alegre. “Y
yo simplemente te vi”... diz a canção Um vestido y un amor. Lembrei-me
imediatamente daquele que um dia eu vi e fui vista. Eu não estava de vestido –
usava uma calça preta, uma camisa amarela, um casaco de lã com botões dourados.
Nos veremos daquele jeito um dia de novo? Não sei... Outro tempo
me encantei com alguém que tinha o beijo dele e tive medo. E o medo me deixou
inábil. E minha inabilidade ou talvez o medo dele ou sei lá o que fizeram com
que tudo se apagasse. “E fue un forte vendaval”. Como é ficar com o gostinho do
doce sem provar? Realmente me senti muito mal... E há muito tempo eu não sabia
o que era esta sensação. Talvez ela tenha sido a desencadeadora das minhas
reflexões amorosas pós-aniversário.
Mas o tempo é o senhor da razão, não é o que dizem? Então, “me fui,
me voy de vez en cuando a algun lugar...” . E estou aqui agora, sem mais crise
pós-aniversário, mas ainda sem saber exatamente que cara dar a este ser de 37
anos. Acho que é a cara da leveza, de deixar a vida rolar, de curtir sem se
encanar. Talvez por isso a música “El breve espacio en que no estas do cd novo (Canciones
para aliens) tenha me chamado a atenção: “Todavía
no pregunté: te quedarás, temo mucho a la respuesta de un jamás, la
prefiero compartida antes de vaciar mi vida no es perfecta mas se
acerca a lo que yo simplemente soñé".
Depois de Fito Paez, tenho certeza de que tudo será diferente.
Estou fazendo deste final de semana minhas férias, para voltar revigorada para
a batalha do dia a dia que, para os meus projetos para 2013, será árdua. Mas,
se tudo der certo, compensatória no ano que quem.
“Me voy pero te juro que mañana volvere”.
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