W.O.


Perdemos. Os dois. Não houve vencedores, nem empate. Apenas derrotados.
Diante do espelho, não me reconheço: insegura, ciumenta, pela metade. Querendo mais. Insatisfeita. Perdida.
E tu? O medo te paralisou.
Queria-te ao meu lado. Ficavas à frente. As rédeas nunca podiam estar nas minhas mãos... E eu não tinha poder. Poder algum...
O poder constrói. E destrói. Perdi porque não tive poderes. Imaginava-me capaz. Comigo tudo seria diferente. Porque eu segurava a tua mão e te chamava para me acompanhar. E pensava que conseguiríamos, juntos.
E tu? Não me seguiste. Deixaste a minha mão solta. E mostrava a cada dia que não se importava com essa liberdade.
E eu me senti perdida. Diante de um mundo para onde podias me levar, mas que eu não fui (porque não me chamaste). Queria tanto, só que não alcançava. E o que eu sentia ficou pequeno diante de tua paralisia. É como se fosse o cachorro correndo em volta do rabo. Sem sair do lugar. Numa ânsia por mais. Sem receber o que eu almejava.
Tu não olhavas para frente. Apenas para o passado presente. E por causa dele não conseguia sair do lugar também.
Nós dois não nos mexemos. E diante da paralisia, sem movimento, a vida acabou.
Faltamos ao jogo. Perdemos. Os dois ...
(Ela pensa que é literatura)

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